quinta-feira, 23 de outubro de 2008

aquém das expectativas

Tem dois filmes brasileiros passando no Chicago International Film Festival. “Desafinados”, de Walter Lima Jr, e “A Festa da Menina Morta”, de Matheus Nachtergaele. Com saudades de ver um filme nacional e por admirar muito o trabalho do Matheus como ator, convidamos um casal de amigos americanos pra assistir Menina Morta. Ele é professor de ciência política aposentado, ela é pró-reitora do departamento de sociologia da DePaul. Também foi conosco uma amiga deles, uma socióloga brasileira que agora trabalha na França, Lícia Valladares.
Por dois terços da película estava tudo bem. Eu tinha embarcado na jornada, estava ali em Barcelos com aquela gente, cativada pela atmosfera, mitologia e disfunção das relações das pessoas do lugar , mas seguia esperando a grande virada ou revelação prometida na sinopse publicada na programação do festival. E elas nunca vieram. Nada muda. Nada altera.
Cada novo elemento introduzido acende uma possibilidade de um desfecho, mas pára por ali. Não concretiza. A mãe desaparecida do Santinho (Daniel de Oliveira) aparece, deixando-o perturbado, mas só isso. Uma menina de repente se junta à procissão - será ela a Menina Morta, que na verdade está viva? Santinho não recebe revelações da Menina neste ano - será que ele finalmente será desmascarado como fraude? O irmão da Menina não quer cooperar com a festa, decide que não vai acompanhar Santinho como de costume, mas vai. E a relação incestuosa do pai com o filho? Será descoberta trazendo conseqüências? Claro que não.


O filme em si também falha em explicar vários acontecimentos, importantes para entender a história que só ficam claros se o espectador leu a sinopse antes de sentar pra assistir.
Fiquei muito perturbada com a matança de animais - especialmente quando eles sangram uma galinha ainda viva -, e com o uso freqüente da câmera na mão, chacoalhando a imagem vertiginosamente na tela do cinema, causando enjôo a ponto de eu precisar fechar os olhos.
Fiquei impressionada pela dificuldade de achar online alguma crítica ao filme em português. E em inglês, a única que encontrei saiu logo depois de Cannes, na Variety, chamando o filme de auto-indulgente.
Fiquei sabendo que A Festa da Menina Morta ganhou dois prêmios importantes no Festival do Rio. Infelizmente não entendo o porquê. O filme não acrescenta, o que é sim uma pena.

Nenhum comentário: