domingo, 19 de dezembro de 2010

premiere

estou mega orgulhosa de fazer parte do cast deste filme incrível.  Filmei em dezembro de 2009, em dias muito frios num banheiro-cenário construído no basement de uma casa em reformas. Está estreando este findi em Chicago e aqui vai o blurb  que saiu a respeito no Chicago Reader. Tomara que o filme se dê bem e que venha pra cá! Já avisei a diretora que me disponho a traduzir para as legendas.

 

Parallel Universe

Posted by Ed M. Koziarski on Sat, Dec 18, 2010 at 2:25 PM

Rujanee1.jpg
A pill-popping therapist named Mit (Ed Meanan) has visions of an alternate life as Tim, a transvestite train station janitor, in Rujanee Mahakanjana's "Psy/Fi" feature Parallel Universe.
With her second feature-length work, the Bangkok-born, Chicago-based filmmaker continues the psychosexual exploration she began in her 2009 architecture documentary Man and His Erections.
Petrucia Finkler, Danny Glenn, Alex Kazhinsky and Tirf Alexius costar in Parallel Universe, which premieres this week with screenings Saturday 12/18 and Sunday 12/19 at 5:30 p.m., and Tuesday 12/21 at 7 and 8:30 p.m. at Gorilla Tango Theatre, 1919 N. Milwaukee Ave. $15.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

síndrome de viralatas

Nelson Rodrigues. Que saudades que eu tinha de ti. De tuas palavras saídas de páginas de livros de coletâneas, de livros contendo teu teatro necessário. E como eu tinha ainda mais saudades de ouvir tuas palavras projetadas da boca dos teus fãs mais fiéis: os atores. Os seres dionisíacos, que em seu ofício de auto-sacrifício mediúnico, dão vida e víscera às tuas idéias.
Nelson Rodrigues. Não interessa que já te foste. Não interessa que escreveste há décadas tuas crônicas. Teu brilhantismo é atual como nunca. E apesar de não compartilharmos o mesmo tempo, me sinto mesmo assim próxima de ti.
Ontem fui ver "Bravíssimo", espetáculo onde Ricardo Guilherme, um cearense genial que eu não conhecia, brinca, compila e reorganiza várias de tuas crônicas num resultado cativante e contundente.
Apesar do cenário simples, apenas uma mesa de vidro, cadeira de escritório e uma pilha de papéis almaço - que Ricardo, um a um, rasga, joga, embola, amassa e mastiga - eu não consegui desgrudar olhos e ouvidos por um segundo de tudo que foi vertido naquele palco.
E me identifiquei, ora com a vizinha gorda, de mãos fofas de gorda e cheia de varizes, que é insolente e acredita -como deve acreditar todo o brasileiro - que se os fatos são contra ela, pior para os fatos; ora com a voz educada e o discurso cheio de self-hatred da diáfana grã-fina das narinas de cadáver.

  
"Há quinhentos anos não fazemos outra coisa senão perder. Afinal de contas, subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos e séculos. Subdesenvolvimento é a derrota cotidiana, a humilhação de cada dia e de cada hora. E a grã-fina das narinas de cadáver ainda vem dizer ao pobre diabo brasileiro: 'vá perdendo, continue perdendo, aprenda a perder com serenidade e equilíbrio'. "


Tuas palavras Nélson, redesenhadas e ditas por Ricardo ontem, me deixaram envergonhada das vezes em que eu também falei mal dos brasileiros, duvidando da nossa glória, e acreditando idiotamente na superioridade infinita de um outro continente e um outro povo, só por terem uma história ocidental mais antiga que a nossa.
É justamente pelo nosso jeito ímpar de ser, que eu voltei pra cá. Para voltar a ser brasileira, no Brasil,
essa terra meio faery, meio reino elemental. E sim, concordo com a idéia de que o brasileiro é um fauno saído de uma tapeçaria. Essa terra parece pertencer a uma realidade paralela, uma outra dimensão, para a qual eu precisava retornar, sob pena de perder para sempre minha força vital que dela emana.
Me fez muito bem ver "Bravíssimo". E me fez muito bem ver o trabalho do Ricardo Guilherme, me fez lembrar porque eu amo o Teatro do jeito que eu amo.
Enfim, recomendo. Muito. Para quem estiver em São Paulo, "Bravíssimo" fica em cartaz só até esse domingo, dia 11. E tem entrada franca.

Espetáculo Bravíssimo
Datas: de 01 a 11 de julho de 2010
Horário: de quinta-feira a domingo, às 19h
Local: CAIXA Cultural São Paulo - Praça da Sé, 111 – Grande Salão
Entrada: franca (os ingressos poderão ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência)
Capacidade: 100 lugares
Duração: 60 min
Classificação etária: 14 anos
Patrocínio: Caixa Econômica Federal

tudo

Estou em falta. Sei não nego, escrevo quando puder.
Minha mudança chegou finalmente semana passada. Depois de um mês inteiro parada no porto de Santos. Foi um mês bem difícil. Mas a chegada... a chegada de nossas coisas todas... que delícia. Veio tudo. Com pequenas, pequeníssimas falhas, lascas ou número de copos quebrados. Tá tudo aí. E com tudo, voltou a minha certeza de que posso sim transferir tudo que acumulei culturalmente, intelectualmente, experencialmente, espiritualmente e pessoalmente em todo esse tempo de Estados Unidos para cá. Para essa nova etapa da minha vida, de volta ao meu país querido, minha pátria amada. Agora sim, estou em São Paulo. De mala e cuia. Bem, falta a cuia, que como boa gaúcha vou ter que pedir para alguém mandar uma novinha lá do sul, que a nossa quebrou e o poronguinho que recebia nossa erva mate ficou lá... em algum lixão do estado de Illinois, ou sei lá para onde onde Chicago manda seu lixo. Mas a bomba tá aqui, firme e forte. E também eu. Agora mais forte. Procurando me estabelecer. Aberta a oportunidades de comunicação, de atuação, de tudo.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

comando

ontem fui finalmente ver Homem de Ferro II. Prefiro não comentar. Valeu a ida ao cinema para ver o trailer de "400 contra 1", que eu nem sabia estar sendo produzido.
Estou agora engrossando as fileiras dos que aguardam a estreia do filme. Tô  achando que "400 contra 1" vai ser o Pulp Fiction brasileiro.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

São Paulo

eu não sou de São Paulo, mas escolhi São Paulo pra viver. Cheguei faz exatamente uma semana com marido e nossas três gatas. Elas já falam português, mas descobrimos que a mais velha é uma grande aventureira. Escapou por uma brechinha na janela e foi dar uma volta no parapeito do décimo terceiro andar na nossa primeira madrugada aqui.
Tá tudo meio confuso ainda. Precisamos achar nossa casa para começarmos a contruir nosso lugar. A cabeça está a mil e os sentidos estão na velocidade da luz.
Talvez eu volte a fazer alguma coisa ligada ao jornalismo, mas não quero, não posso e não devo deixar o teatro pra trás.
Evoé!

domingo, 25 de abril de 2010

é hoje!

a leitura dramática da minha peça Brilliant Cut. Está sendo uma experiência completamente diferente assistir esse processo, eu como autora, presenciando discussoões entre atores e diretora sobre o meu trabalho. :)
Aqui vai o link para o post no blog do Teatro Luna sobre essa leitura, uma entrevista curtinha comigo "Hanging out with Petrucia Finkler".
http://teatroluna.wordpress.com/2010/04/25/hanging-out-with-petrucia-finkler/

segunda-feira, 5 de abril de 2010

chave de ouro

Já é Abril.
Já é Abril caralho!!! Desculpem meu francês... mas estou freaking out. Em menos de um mês estarei de volta ao Brasil de mala, cuia, laptop e uma mudança inteira.
Essa etapa de encerrar tudo por aqui além da trabalheira normal está me presenteando com imensas oportunidades e alegrias. Doismiledez está fechando com chave de ouro minha passagem por Chicago. Sinto que estou finalmente colhendo tudo que plantei artisticamente nesses meus oito anos aqui.
Semana passada gravamos um cd para o TerraMysterium. Até isso. Eu agora vou ter um cd... Com a minha voz registrada em várias músicas... Eu nunca poderia imaginar uma coisa dessas. Eu agora também cantora! O grupo está super chateado com minha partida, mas eu poder levar esse cd e deixá-los com essa memória da minha participação é muito legal. Terminamos de planejar o show de Setembro quando o TM vai fazer parte do Chicago Fringe Festival. Vai ser uma adaptação moderna dos mistérios de Eleusis, contando a história de Demeter e Perséfone. Eu seria a Perséfone deles...
Junto com a alegria de ir embora, voltando pras minhas origens - algo que eu desejo há muitos anos, agora bate também a tristeza de deixar pra trás o que eu construí nesse lugar, que de certo modo, é minha casa também.
Em julho e agosto o TM vai fazer também alguns festivais, e isso está me deixando meio nervosa, seriamente tentada a dar um jeito de escapar pra cá e participar. Paciência. Minha energia vai ter de estar totalmente focada na minha nova vida pelo menos por um tempo.

Essa semana agora são as últimas reuniões com o Teatro Luna finalizando o script de "Generic Latina 2010". A peça já começa a ensaiar com as atrizes na semana que vem!
Tem pelo menos dois textos meus ali: um sobre como eu pequena sonhava em ser escura como minhas tias e achava o máximno o poder feminino das três tomando sol, bezuntadas de nude bronze nos anos 70; e o segundo texto desfazendo o mito da Brazilian bikini wax, que faz os americanos acreditarem que todas as brasileiras retiram cem por cento dos pelos pubianos (e outros) numa depilação. O espetáculo estréia em junho quando já estarei em São Paulo. Fico chateada de não poder ver o resultado, mas elas me garantiram que conseguem uma cópia do vídeo de registro que elas sempre fazem. Aqui à direita estou eu e Miranda Gonzalez, que vai dirigir o show.


O processo está sendo divertido, rico, e de um super aprendizado pra mim. Elas tem um modo muito particular de trabalhar e escrever em ensemble, sempre partindo do autobiográfico . A companhia está fazendo dez anos e esse Generic Latina é uma revisão do primeiro show que elas escreveram e encenaram.


segunda-feira, 22 de março de 2010

de leitura em leitura

Sábado dia 13 foi a leitura de mesa da minha primeira peça como autora individual de uma obra de teatro.
Eu já tinha ouvido palavras minhas num palco na boca de outros atores em três espetáculos nos quais eu colaborei como escritora, mas nada, nada se compara à delícia de curtir uma peça inteirinha que eu escrevi ser lida por 5 atores dando vozes às minhas personagens.
A leitura foi organizada como parte do do laboratório de playwriting do Teatro Luna, do qual faço parte desde junho de 2009. E foi um presentão.
O feedback após a leitura foi ótimo e apontou vários caminhos pra eu ajustar detalhes, para aquela lapidada final do script.
Deixei de lado uma semana, a coisa toda borbulhando na minha cabeça, e hoje voltei a botar as mãos no texto para os rewrites, as mexidas necessárias e algumas aumentadas aqui e ali.
Além disso, "Brilliant Cut" foi escolhida para abrir uma série de leituras dramáticas que o Teatro Luna tem.
Portanto, a minha comédia farsesca envolvendo um racoon estufado com diamantes vai receber novos atores e o olhar de um/a diretor/a para essa participação no Lunadas 2010!
Estou muito feliz e honrada.
e o melhor de tudo? Tudo está encaixando-se lindamente. A leitura dramática vai ser 18 de abril, duas semanas antes de eu deixar os EUA e retornar de mala e cuia pro Brasil.
É bom partir sabendo que vamos deixar saudades.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscar 2010

Eu agradeço à Academia, aos meus coleguinhas de jardim de infância, ao caseiro da minha avó e à senhora que fez uma oração por mim dentro do ônibus Linha 620 em dezembro de 1993.

Todos os anos tem um mall em downtown que monta um stand contando a história da famosa estatueta que é fabricada em Chicago e enviada a L.A. para a cerimônia todos os anos.
Dessa vez, decidi conferir e, depois de passar pelo tapete vermelho, não perdi a oportunidade de de ser fotografada segurando um Oscar de verdade.
E sim, a estatueta pesa mesmo!!!!
Para a cerimônia de entrega dos prêmios, fui na Oscar party de um casal de amigos. Os dois são super ligados em história do cinema, fazem tiradas ácidas sobre os vestidos das famosas e, depois, um marido consola o outro durante o clip de homenagem aos que se foram, suspirando juntos pelas saudades que vão sentir dos grandes nomes.
Dependendo da companhia, Oscar aqui é como futebol no Brasil. Quando ganha alguém que eles querem, em vez do favorito da hora, todo mundo salta do sofá, aos gritos e abraços.
E foi assim mesmo celebrada a grande vitória de Kathryn Bigelow por Hurt Locker; aliás o grande vencedor da noite.
Eu também me emocionei por assistir ao vivo ao primeiro Oscar dado a uma diretora mulher. E por um filme de guerra! Prova irrefutável do quão passé é esse sexismo que insiste em afirmar que mulher só escreve sobre dramas domésticos.
E Hurt Locker também arrebatou melhor filme. Eu ainda não vi (um vexame, eu sei!), mas tenho certeza que deve ser muito melhor do que Slumdog Millionaire que eu não conseguir engolir.
Eu amei Avatar de paixão. Fui ver duas vezes e achei certo que era o queridinho também da Academia.
Enquanto todos vibravam, gritavam incrédulos de alegria pela vitória de Bigelow sobre Cameron, eu continuava sentada, boquiaberta. Também pensei imediatamente no que isso significa para ela, essa vitória sobre o ex-marido. Ele pareceu bem feliz no momento em que foi anunciada a vitória do filme dela. É comum quando um casal compartilha uma mesma profissão, que a mulher viva à sombra do marido, e desabroche artisticamente sendo muito mais notada depois que separa. Fiquei pensando nisso.
Esse foi quiçá meu último Oscar doméstico, como bem frizaram meus amigos, e eu fico grata de ter presenciado um momento histórico ainda em solo nacional.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

luas e guaxinins

Raccoon é Guaxinim!!!
Rodrigo meu marido a vida inteira ria-se de minha mania inevitável de puxar um Atlas ou um dicionário todas as vezes que recebíamos visitas e algum lugar geograficamente desconhecido para mim era mencionado, ou havia alguma dúvida quanto à ortografia de uma palavra.
Pois bem. Adeus atlas, adeus, dicionário, adeus enciclopédia e hello iPhone. Agora quem puxa um amansa-burro pra tirar toda e qualquer dúvida de todo e qualquer assunto é ele.
Tão interessante isso do ser humano, de tirar onda da mania alheia até entenderer o prazer que fomenta tal comportamento repetitivo, decidindo adotar a mania, sem mesmo dar-se conta disso.
Portanto, durante um jantar em que pintou a dúvida cruel de se o Brasil tinha ou não raccoons, achamos o exato bichinho goggleando no iPhone, e é um guaxinim, puro e simples. :)

&&&&&&&&&&&&&&
Teatros e luas
Acabo de terminar minha primeira peça sob encomenda. Encomenda sob pressão, porque tem de ser entregue até dia 9 para concorrer a uma vaga no festival dos dez anos do Teatro Luna aqui em Chicago.
Chama-se Reveillon, com um total de 10 minutos de produção, no elenco, duas mulheres em torno dos 30 anos se preparando para, é claro, um Reveillon. A peça é em inglês com algumas palavras em português, e encerra com uma linda imagem das duas largando flores e oferendas para Iemanjá e a lua cheia na beira da praia.
Bem Brasil, bem latina e espero que seja aceita. Agora é entregar e cruzar os dedos, ou rezar para Iemanjá.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

corte brilhante


TERMINEI!!! Terminei minha primeira peça completa. Ficou meio curta, com 45 páginas, mas acredito que renda um tempo de montagem de uma hora pelo menos, dependendo do diretor.

Estou feliz, orgulhosa, bem boba mesmo.

Quando vi a impressora cuspir a página-título, cheguei a chorar de emoção, e segurei meu texto no colo com o cuidado de quem recebe nos braços um recém-nascido... Meu bebê.... meu script.

"Brilliant Cut" é o nome dessa comédia que envolve um bicho empalhado, uma rede de ladrões de artefatos de museus, um par de gêmeas, corações partidos e uma sacolinha de diamantes.

Como faço parte do playlab (laborátorio de dramaturgia) do Teatro Luna, a peça vai ganhar uma leitura de mesa oficial, aberta a convidados no final de Fevereiro. Daí em diante... vou fazer as mexidas necessárias e começar a batalhar pra ela ser produzida.

Se a receptividade for boa, acho que eu arrisco uma versão em português, só vou ter que encontrar um animal brasileiro que seja um bom substituto para um raccoon!!!

O próximo projeto é sentar e escrever umas páginas para concorrer no festival de dez peças em dez minutos para celebrar os dez anos do Teatro Luna. Tenho que entregar minha proposta até 9 de fevereiro - aaaaaaaaaahhhhhhhhh! Socorro! Se for escolhida, vai ter cast, diretor e encenação garantida em junho desse ano.

E, é claro... eu tendo de cumprir um deadline sempre me leva a ser criativa com outras coisas... Agora não consigo parar de pensar numa nova peça, nada a ver com o projeto de dez páginas. Essa vai ser longa com três casais cuja história vai precisar de dois atos pra ser contada.

Foco Petrucia!

Concentre-se mulher!

Por que é tão difícil a gente terminar uma coisa para aí sim começar outra?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

eu não peço desculpas

pois nem adianta. Ando calada mesmo. Como falei antes, o fim do ano foi complicado. Doismilenove me destroçou com suas garras e não me largou até os últimos segundos do dia 31. Mas agora chega! Bola pra frente.
Aos poucos colo com cuspe, papel machê, tenaz e chiclete meus pedacinhos partidos. Me recomponho e vou me transformando em quem eu tenho de ser.
Afinal, não é pra isso que servem esses aparentemente intransponíveis obstáculos e quedas da vida adulta? Um impulso para desabrocharmos nas pessoas ainda mais fantásticas que temos de nos tornar? Com uma colorida e única história pessoal, com todos os elementos que nos tornam mais ricos e mais humanos?
É isso.
Aceito e recebo minha história como ela se revela pra mim. Faço limonadas e omeletes enquanto tramo e teço grandes mudanças para 2010.
A neve cai com fúria. O que parece impossível, já que neve é doce, lenta e suave, mas abafa os sons como só ela. O manto branco cobre a cidade e os fios de luz. O raspar das pás limpando as calçadas é o único som quebrando o silêncio pesado dos flocos.
Nesse silêncio externo, busco a minha clareza para terminar uma história e começar outra. Estou falando de peças, estou falando de teatro.
Tenho até semana que vem para concluir um script que comecei a escrever em março passado. E até fevereiro para escrever uma peça curta de 10 minutos para concorrer num festival.
Mãos ao teclado!
Dedos ágeis feito beija-flores beijam teclas derramando na tela as imagens palavras que borbulham dentro de mim; enquanto minhas gatas imploram minha atenção entre colos e miados que não atrapalham, mas sim aliviam e nutrem meu trabalho com esse afeto tão especial e tão inexplicável que só acontece inter-espécies.