segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O conto do Pato

Dia 18 de Outubro vou participar do lançamento de uma revista literária. A revista, que vai se chamar Conclave (www.conclavejournal.com), tem como editora uma querida amiga e escritora, Valya Lupescu.
A idéia da Valya é criar neste journal um espaço de coletânea para novos grandes personagens, ricos, inesquecíveis, que saltem da página com suas complexidades e delícias. Pelo que entendi, vai ter poesia, prosa, ficção, não-ficção, fotografia e trechos dramáticos.
É aí que eu entro, é claro. Fui convidada para ler o monólogo "The Tale of the Duck", um trecho retirado da peça "Let Nothing you Dismay" de Anne Phelan.
Não conheço a autora, mas sei que ela estará presente no evento de lançamento.
Acabei de receber o texto via email e fiz minha primeira leitura, pra ter uma idéia geral da Stacey, uma mulher nos seus trinta e poucos, comprando patê de fois gras no natal de Nova York.
Ela explica o que é o patê, e a crueldade envolvida na obtenção desta delicacy. Depois ela entra na sua história pessoal, de ser uma atriz em recuperação, pois relata as tragédias ocorridas durante uma temporada de "A Christmas Carol", onde ela, aos 22 anos, perde a voz. Pra sempre. Bem, ao menos de certa forma, pois ela não pode mais cantar, que era a grande alegria da sua vida. Tudo por causa de um pato que fazia às vezes de ganso durante a peça. Ela arremata revelando ser esta justamente a motivação que a leva a comer fois gras uma vez ao ano, pura vingança.
São cinco páginas, e eu sinceramente espero que não precise memorizar tudo isso, pois o tempo é curto e estou já trabalhando num outro espetáculo. Mas sei que vai ser uma delícia preparar uma leitura dramática, mergulhar numa nova personagem e me divertir em ser a Stacey, mesmo que por alguns minutos.
E como bônus, o evento vai ser no Book Cellar, uma livraria super aconchegante que é também adega de vinhos e um café. (www.bookcellarinc.com)
Maravilha. Ao trabalho!

sábado, 27 de setembro de 2008

Mass Romantic



Este é um filme super querido pra mim, meu primeiro longa. Semana passada estava no Illinois International Film Festival (St Charles, IL) e sábado que vem vai estar no Vacant Era Film Festival em Norman, OK.
Mass Romantic foi feito durante um verão escaldante em 2005. Como todo o filme indie, levou um tempão pra ficar pronto e teve sua estréia em Março de 2008.
A proposta do filme é independente ao extremo. Feito em preto e branco, com as cenas todas criadas por improvisação, acompanha as histórias de vários artistas, ativistas e acadêmicos em sua busca por amor enquanto trabalham com arte política e consciente.
Tem alguns relacionamentos gay no filme, inclusive da minha personagem Annette, que é uma professora de física quântica casada com um um transgender de female to male, ou F2M em linguagem queer. Mas este não é o tema principal do filme, que se concentra nas relações e frustrações humanas, enquanto toca em vários outros temas polêmicos.
O filme já ganhou alguns prêmios e esteve em Berlim, Londres, Lanarkshire (Escócia) e vai pra Nova York em dezembro.
A estréia mundial foi em Chicago e eu estava super tensa. Eu não tinha visto a versão final do filme e não tinha idéia de como seria recebido. A sessão teve lotação esgotada no Landmark Century, um cinema que normalmente passa filmes do circuito alternativo, um lugar que eu e o Rodrigo (meu marido) costumamos frequentar.
Minha cara estava lá, no cartaz na frente do cinema, na capa da trilha sonora que estava sendo vendida...
Eu estava tão nervosa em ver meu rosto e meu trabalho ampliados, ocupando uma tela gigantesca num cinema, que levei uns vinte minutos pra me dar conta que eu estava na ponta da cadeira, toda dura, e podia (e devia) sentar direito e relaxar no encosto da poltrona.
Aqui estão alguns snippets da crítica:

"Mass Romantic, is so indie, it hurts." - BlackBook

"a living, breathing example of what it takes to get along.
Isn't that what politics should be?" - Rob Christopher, Chicagoist

"Critics' pick" - Time Out Chicago

Detalhe: graças a uma pontinha que o Rodrigo fez numa cena, o nome dele também está nos créditos e meu marido agora também está no IMDB!!! (internet movie database)

http://www.myspace.com/MassRomanticFilm

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

É sopa!


Parece que foi só o calendário encostar no dia 22 de setembro que as folhas começaram a mudar de cor. As avenidas devagarinho começam a mostrar os tons quentes do outono, que aqui vêm em amarelo-dourado e vermelho- profundo.

A temperatura de fato ainda não caiu, mas sei que não tarda a despencar e, com ela, retorna um dos meus maiores prazeres do frio: tomar sopa!

Mas não é aquela sopa aguada que os céticos teimam em dizer que é comida de doente. Estou falando de sopas sensacionais, cremosas, preparadas por chefs.

Um dos meus restaurantes favoritos das estações gélidas é o Soupbox aqui em Chicago. Todos os dias eles trocam o menu de 12 sopas que sempre inclui opções vegetarianas e a especialidade deles, bisque de lagosta.

Quando fica difícil escolher, dá pra fazer um mix de dois sabores, mas infelizmente nem todas as misturas são felizes. Quando eu misturo, geralmente pego alguma de vegetais com base de tomate e adiciono uma cremosa, de batata e alho-poró.

Em novembro do ano passado, recebi a visita de um casal de amigos que não estava preparados para o frio que já assolava a cidade. Pra aquecer, levei os dois pra almoçar lá. Eles amaram. Viraram fãs imediatos e prometeram que iriam tentar encontrar uma receita similar da sopa de frango com arroz selvagem para testar em Porto Alegre.

Lembrei também da Soupbox, porque vi no blog da Fernanda Zaffari uma foto do "Rice to Riches" de NYC. Este é um lugar que serve uma dezena (ou mais) de sabores de arroz doce (ou arroz de leite, como preferir). Tem um amigo da faculdade que é tarado por este lugar e toda vez que vai a NY leva com ele os potinhos plásticos do arroz como recordação.

Espero que um dia o Soupbox também tenha no seu roll de glórias alguns "aficionados" estrangeiros. :)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

minha primeira green room

Green Room é o termo usado em inglês em referência a salinha que fica nos bastidores de um teatro onde ficam os performers quando não estão no palco. Ela pode fazer as vezes de camarim, mas é em geral um lugar para retoques e breaks.
Segundo a wikipedia, a origem do termo que mais faz sentido vem do tempo do teatro Shakespeareano, quando os atores faziam sua preparação em uma sala cheia de plantas e arbustos, já que a umidade seria benéfica às cordas vocais dos artistas.
A minha primeira green room foi dentro do Chicago Actors Studio, minha primeira escola, que tinha também um teatro com capacidade para 80 pessoas.
Além de usar a sala na preparação de exercícios de cena, a escola apresentou um festival que apresentava todas as noites 3 peças de um ato.
A nossa green room era também camarim, e eu adorava ficar ali com meus colegas (da minha ou das outras peças) repassando texto, colocando maquiagem e falando besteira.
Esta foi justamente a minha estréia num palco.
Antes disso eu apresentava um programa de televisão a cabo em Porto Alegre, que casualmente também chamava Palco. Eu sempre me divirto com esta ironia do destino.
Mas, diferente da televisão, que também lida com público, a intimidade de um teatro traz uma verdade quente, a reação da platéia está ali na sua cara, para os seus ouvidos. Não há disfarce nem fuga. Bem diferente do filtro de uma câmera através da qual a gente tenta chegar em quem está do outro lado.
Eu já fui viciada em trabalhar com televisão, especialmente quando eu fazia ao vivo. Talvez por isso o rush de adrenalina de estar num palco me faça sentir tão viva, com todos os nervos à flor da pele, pronta para qualquer imprevisto, atenta a todos os movimentos e palavras num raio de pelo menos 15 metros.
Quantas vezes na vida podemos dizer que estamos assim inteira e intensamente presentes em uma situação?