sábado, 15 de novembro de 2008

fazendo a corte

Eu sou representada por duas agências de talento. Uma delas me manda sempre pra testes para papéis de latina.
A parte engraçada de fazer comerciais é que todo mundo esperando o teste tem a minha cara, ou meu tipo físico. Exceto que, em geral, eu sou mais clara e tenho sotaque falando espanhol, o que dificulta muito eles me encaixarem. De fato, por mais que eu tente, eu não passo por mexicana.
Fazendo auditions, eu conheço gente. Duas delas se tornaram amigas e as duas fazem parte do Teatro Luna.
Teatro Luna é uma companhia formada exclusivamente por mulheres latinas e que apresenta apenas trabalhos originais de cunho autobiográfico, ou seja, falando da experiência de ser latina, viver esta cultura estrangeira dentro dos Estados Unidos. A companhia é super amada pela crítica, já vi dois espetáculos e realmente elas são ótimas e os trabalhos super contundentes, ao ponto.
Estava eu na sala de espera de uma audition para um comercial da companhia elétrica. Queriam uma latina bem espevitada mas cheia de estilo fazendo papel de hair stylist para lançar uma lâmpada que economiza energia. Esperávamos ansiosas eu e várias outras com meu tipo físico, exceto por uma bem gordinha. Eu reparei nela e, confesso meu preconceito, pensei comigo que aquela atriz estava meio fora de lugar naquela sala.
Depois dali, parei no café de uma livraria, num outro bairro, para almoçar. E foi neste café, que esta mesma atriz chegou na minha mesa.
Tanya Saracho disse que tinha me visto na audition e que, dada a coicidência de me ver de novo no mesmo dia, não resistiu. Perguntou se eu era atriz latina, se falava espanhol e me deu o cartão da companhia de teatro dela, Teatro Luna. Fiquei boba. Pela inusitada seqüência dos acontecimentos pela simpatia e abertura dela, e de ser ela a minha brecha na porta de entrada para uma companhia que eu admiro pra caralho.
Ali começou nossa amizade.
Tanya também escreve para teatro. Esta temporada tem três textos dela sendo montados na cidade.
Quinta-feira fui ver Jarred, atualmente em cartaz com o próprio Teatro Luna. Curti muito. Foi bom ver as meninas, agora já conheço várias.
Estou numa fase de namoro com o Luna e também com o Teatro Vista, outra companhia latina em Chicago. Já fiz alguns testes nas duas, e espero que, em breve, eu tenha a minha chance de trabalhar com essas pessoas com quem compartilho tanto da minha cultura e do meu ponto de vista.
Ver o sucesso da Tanya atuando e escrevendo me estimula a escrever também. É uma merda que me falte tanta disciplina para tocar meus projetos.
E, pra dar um tom de anedota a essa história, foi justamente a Tanya quem pegou o trabalho do comercial da companhia elétrica.
Taí uma bela lição.

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