quinta-feira, 2 de julho de 2009

mulheres e dramaturgia

Essa semana foi dominada por discussões nas várias mídias sobre feminismo e o teatro. Tudo porque a estudante de pós-graduação Emily Glassberg Sands publicou um estudo sugerindo que mulheres dramaturgas são sistematicamente discriminadas - especialmente, por outras mulheres.
A notícia causou polêmica e os mais diversos blogs e colegas do meio não cansam de falar do tema. Achei que também tinha chegado a minha vez.
Acho bom que isso esteja sendo discutido, porque me afeta. Ainda mais agora que recém estou começando a me lançar no grande barato que é escrever uma peça.
Mais do que isso, recentemente tenho trabalhado com textos fantásticos e intrigantes escritos justamente por mulheres.
O Halcyon Theatre de Chicago todos os anos monta textos exclusivamente escritos por mulheres dentro de um festival de verão que chamaram Alcyone. Tony Adams, diretor da companhia é o criador dessa idéia.
No blog dele, Tony sugere algumas forma de aumentar o número de peças (hoje apenas 20% do total) produzidas que sejam de autoria feminina : "Lermos mais peças ótimas de mulheres; produzirmos mais peças ótimas de mulheres, assistirmos mais peças ótimas de mulheres; ou pelo menos comentar com outras pessoas sobre uma nova autora que você acabou de descobrir e que adorou. "
Claro, ele pode fazer as quatro coisas, mas com certeza cabe a nós ao menos espalhar no boca a boca os elogios que tivermos sobre os trabalhos de autoria feminina.
E não é por ser de autoria feminina que uma peça automaticamente se resume a tratar de temas domésticos ou de sexualidade.
A peça que participo no festival Alcyone, de autoria da canadense Jennifer Fawcett chama-se "A guerra do fazedor de brinquedos", cujo tema é a guerra da Bósnia de 1995 e a ética jornalística.
Dentro do playlab que estou fazendo com o Teatro Luna, somos apenas mulheres, todas talentosas e cada uma trazendo para a mesa sua própria voz, autêntica, verdadeira.
O Teatro Luna também está agora fazendo uma série de leituras dramáticas. Uma vez por mês, às segundas, tem Lunadas, sempre apresentando um texto de autoria feminina.
Nessa última, eu fui convidada a participar e adorei trabalhar com essa companhia. Sempre tinha sido um desejo meu, e agora sinto que isso está acontecendo através do playlab e dessa Lunadas.
O texto era "Catalina de Erauso", texto de Elaine Romero. Elaine é uma dramaturga estabelecida, mas esse texto é novo. Ela veio a Chicago especialmente para acompanhar, e ainda mexeu, reescreveu entre um ensaio e outro. O texto é ótimo e a leitura foi divertidíssima.
Taí, tô fazendo a minha parte: Elaine Romero. Uma dramaturga que acabei de descobrir e que vale super, super a pena.

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