Por dois terços da película estava tudo bem. Eu tinha embarcado na jornada, estava ali em Barcelos com aquela gente, cativada pela atmosfera, mitologia e disfunção das relações das pessoas do lugar , mas seguia esperando a grande virada ou revelação prometida na sinopse publicada na programação do festival. E elas nunca vieram. Nada muda. Nada altera.
Cada novo elemento introduzido acende uma possibilidade de um desfecho, mas pára por ali. Não concretiza. A mãe desaparecida do Santinho (Daniel de Oliveira) aparece, deixando-o perturbado, mas só isso. Uma menina de repente se junta à procissão - será ela a Menina Morta, que na verdade está viva? Santinho não recebe revelações da Menina neste ano - será que ele finalmente será desmascarado como fraude? O irmão da Menina não quer cooperar com a festa, decide que não vai acompanhar Santinho como de costume, mas vai. E a relação incestuosa do pai com o filho? Será descoberta trazendo conseqüências? Claro que não.
O filme em si também falha em explicar vários acontecimentos, importantes para entender a história que só ficam claros se o espectador leu a sinopse antes de sentar pra assistir.
Fiquei muito perturbada com a matança de animais - especialmente quando eles sangram uma galinha ainda viva -, e com o uso freqüente da câmera na mão, chacoalhando a imagem vertiginosamente na tela do cinema, causando enjôo a ponto de eu precisar fechar os olhos.
Fiquei impressionada pela dificuldade de achar online alguma crítica ao filme em português. E em inglês, a única que encontrei saiu logo depois de Cannes, na Variety, chamando o filme de auto-indulgente.
Fiquei sabendo que A Festa da Menina Morta ganhou dois prêmios importantes no Festival do Rio. Infelizmente não entendo o porquê. O filme não acrescenta, o que é sim uma pena.
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